Osteotomias tibiais: quando retornar ao esporte?

A artrose do joelho frequentemente está associada a alterações do alinhamento da articulação. Em pacientes jovens com artrose moderada localizada em um dos compartimentos articulares, o realinhamento do joelho pode ser realizado com objetivo de aliviar os sintomas e postergar a indicação de uma cirurgia de substituição articular. Para este tipo de abordagem são empregadas as osteotomias corretivas de realinhamento.

Embora seja esperada uma melhora sintomática após a cirurgia, é comum a manutenção de algum grau de dor assim como de certas limitações. Esses pacientes têm grandes expectativas, incluindo o retorno ao esporte. Um recente estudo objetivou investigar quais são os fatores preditivos para o retorno ao esporte após a cirurgia de osteotomia tibial.

Características do estudo

Trata-se de um estudo publicado em julho de 2019 no American Journal of Sports Medicine incluindo 340 pacientes operados entre 2012 e 2015 em um único centro de tratamento na Holanda. Os pacientes analisados foram submetidos a osteotomias tibiais de fechamento lateral ou abertura medial para correção do desvio em varo e osteotomias de fechamento medial para correção do desvio em valgo devido a deformidade tibial.

Foram enviados aos participantes da pesquisa questionários envolvendo perguntas sobre participação esportiva pré e pós-operatória. Além disso, o tempo para o retorno ao esporte, o nível e frequência esportiva, o nível de impacto e escores funcionais foram avaliados. Os escores utilizados foram o escore de atividade de Tegner (1-10; quanto maior, mais ativo) e o escore de Lysholm (0-100; quanto maior, melhor). Um total de 294 pacientes completaram os questionários. Os fatores prognósticos para retorno ao esporte foram analisados usando um modelo de regressão logística.

O seguimento médio pós operatório foi de 3,7 anos (± 1,0 anos). Dos 256 pacientes que participam de esportes no pré-operatório, 210 pacientes (82%) retornaram ao esporte no pós-operatório, dos quais 158 (75%) retornaram em 6 meses. Foi observada uma mudança na participação em atividades de baixo impacto, embora 44% das atividades esportivas relatadas no acompanhamento final fossem esportes de impacto intermediário ou alto.

A pontuação mediana de Tegner diminuiu de 5,0 para 4,0 no acompanhamento (P < 0,001). O escore Lysholm médio no acompanhamento foi de 68 (DP, ± 22). Não foram encontradas diferenças significativas entre os pacientes com osteoartrite em varo ou valgo. O fator prognóstico mais forte para o retorno ao esporte foi a participação continuada em esportes no ano anterior à cirurgia (odds ratio, 2,81; IC de 95%, 1,37-5,76).

Mensagem final

Mais de 8 em 10 pacientes retornaram ao esporte após osteotomias tibiais. A participação esportiva pré-operatória contínua foi associada a um retorno bem-sucedido. Estudos futuros precisam identificar fatores prognósticos adicionais.

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